sexta-feira, maio 20, 2005

Dom Quixote de La Alvalade

Admito! Faço parte daquele (amplo) grupo que cada vez que vê um microfone aproximar-se de Dias da Cunha, começa logo a coçar a cabeça e a pensar para si próprio: "mas que disparate é que este tipo vai dizer desta vez...?". E de facto, invariavelmente as suspeitas deste grupo confirmam-se e lá temos de ouvir as mais disparatadas afirmações pelo representante máximo do Sporting.
Porém, a maioria das críticas tem um "mas". E esta não foge à regra.
Interpretando de forma brilhante aquela célebre personagem de seu nome D.Quixote, criada por Cervantes e que luta de forma inglória contra um ideal há muito perdido, Dias da Cunha assuma na perfeição esse papel. E em relação ao conhecido D.Quixote, recorde-se que que enquanto lutava contra os moinhos de vento a pensar serem gigantes, procurarava a sua Dulcineia e é armado cavaleiro por um taberneiro, o aventureiro de La Mancha representa todos aqueles que não acreditam na evolução dos tempos e mentalidades em relação a certos assuntos, e luta na esperança de (re)viver esse tempo/ideal há muito esquecido e perdido.
E é aqui que entra o nosso D.Quixote luso e contêmporaneo interpretado por Dias da Cunha. Na esperança (talvez inglória, tal como o genuíno cavaleiro espanhol) de encontral um ideal perdido há muito, o presidente sportinguista, que de início era muito criticado e não levado a sério, manteve as suas convicções que no fundo revelaram ser as certas para voltar a instaurar a verdade desportiva em Portugal. Entre elas, destaca-se a luta contra o "sistema", a necessidade da intervenção política no futebol, assim como a criação de uma FPA independente e não relacionada directamente com a Liga de Clubes ou FPF. Opiniões essas que, tal como escrevi anteriormente, não eram tidas em conta mas que actualmente fazem o maior dos sentidos e começa a ser defendido por alguns dirigentes. Porém, talvez o medo da mudança faça com que ainda bastantes representantes de clubes nacionais não adiram a este movimento.
Entretanto, e para reforçar a sua posição, o "nosso" Dom Quixote aliou-se ao fiel escudeiro Sancho Pança, representado por Luís Filipe Vieira, que se assume como um crente das convicções do seu cavaleiro. Todavia, e tal como estas duas personagens literárias que aparentemente perseguem um "tempo perdido e um ideal esquecido", mas que no fundo apenas comabtem contra uma situação onde a honra e verdade impera (talvez de forma destrambelhada, mas não deixando de ser um ideal correcto), também Dias da Dunha e Luís Filipe Vieira, apesar de serem "gozados" e criticados por várias fracções, não deixam de lutar por uma situação que é a mais adequada perante a degradação do futebol nacional...

1 Comments:

At 5/20/2005 03:37:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Do melhor que tenho lido aqui

 

Enviar um comentário

<< Home